Quem Somos

Passado, Presente, E?

Para entender o Projeto: “Agenda Awaete: Troca de Saberes Assurini do Xingu” é preciso entender quem somos nós, os Assurini do Xingu, ou Awaete como nos auto denominamos e conhecer o contexto político social no qual seu território está inserido. Durante nossa história, nós Asurini já sofriamos constants confl itos com etnias vizinhas. Nossa luta pela sobrevivência só piorou a partir do contato com os não indígenas (1971) que, na sequência, inauguraram grandes empreendimentos como a Transamazônica em 1972. Nesse mesmo período, há relatos dos antigos de envenenamentos de nosso povo por parte até funcionários da FUNAI. Assim, estressados socioabientalmente, iniciamos uma prática sistemática de aborto que durou mais ou menos 15 anos e foi interrompida em meado dos anos 80, quando nosso grupo chegou a um pequeno número de 52 indígenas. A interrupção foi comemorada e desde então o grupo vem apresentando aumento de natalidade considerável, elevando sua taxa de habitantes.

Atualmente, rodeados pelo Município de Altamira, estamos sofrendo com seus graves problemas socioambientais. A comunidade que vem passando por um processo de esgotamento socioambiental com tantas interferencias e inconsistências no cumprimento dos acordos fi rmados junto a agentes locais. Após, quase 15 anos do anúncio da construção da grande hidrelétrica e todo o desajuste provocado, nossa etnia pelejando com consultorias equivocadas e suas suspensões, luta contra a licença de operação do empreendimento, a favor do cumprimentos dos acordos estabelecidos entre Funai, Indígenas, Consecionária e Governo, principalmente dentro do PBA. A presença do não indígena no território só vem a aumentando, a pressão de trabalhadores da CCBM, pesquisadores, madeireiros, garimpeiros, pescadores, ribeirinhos e até empresa hoteleira é uma realidade diária. Tal situação difi culta nossa reprodução cultural, dispersando seus indivíduos que lutam por sua sobrevivência no caos. O contato com a cidade cada vez mais frequente e industrialização do consumo é outro desafi o já que além da perda cultura está relacionada a produção de resíduos sólidos, líquidos e doenças. Outro intempério é a pressão no território e seus recursos naturais e com isso o avanço da população ribeirinha.

awaete

Esperança

Por isso, acreditamos que passou da hora de irmos de encontro à informações e conhecimentos de grupos e pessoas que estão buscando alternativas a esse sistema dos Karai. Podemos juntos escrevermos uma nova história, pois nosso povo, cultura e terrirório são patrimônio da humanidade. Infelizmente, da aldeia não é possível perceber o que está por vir e quais caminhos seguir para sobreviver. Nosso pouco conhecimento da cultura do karai difi culta transcender todos os impactos. Acreditamos na importância de conhecimentos com a Permacultura, que trabalha um sistema cultural criado com base nas populações aborígenes, e que tem como fundamentos a cultura permanente pela integração. Agrofl oresta, bioconstrução, ecossaneamento, entre outros também podem ser fundamentais para conseguirmos construir um novo futuro diante dos novos desejos e necessidades impostos pelo contato que nunca nos foi uma opção.

A criação de um circuito, com encontros para debater, trocar e construir conhecimentos, nos parece a forma mais saudável e sólida para se chegar a uma cultura permanente, uma cultura baseada no respeito e na ética entre os povos da fl oresta. Onde cada ser, homem, animal, árvore e rio voltem a ter usa importância reconhecida e praticada. Na aldeia, acreditamos que essa construção só é possível quando esse conhecimento é absorvido por um mebro da etnia e repassado aos demais, de Awaete para Awaete. Sem mais interferência de não indígenas no território para que possamos nos reorganizer e conseguirmos revitalizar nossa riqueza cultural. No mundo, valorizamos o poder da conexão dos povos e a troca energética entre seres com mesmo objetivo garantindo assim a sobrevivência e sustentação da rede.

objetivos

fazendo